04/12/2014



A crônica


Certo dia o professor disse para a sua turma:

- Para a próxima aula vocês devem fazer uma crônica.

O burburinho foi geral. Fazer uma crônica? Mal sabiam fazer uma nota de rodapé, quanto mais umacrônica! Mas de nada adiantaram as reclamações. A tarefa estava dada e com direito a advertência do professor:

- Quem não fizer, perde cinco pontos!

Desde aquele dia, então, a cabeça de Jorge não parou. Sempre gostara de ler, especialmente crônicas, mas, mesmo fazendo curso de jornalismo, nunca pensou na possibilidade em escrever algo desse gênero literário. Mas como missão dada é missão cumprida, ele não poderia deixar de fazê-la, ainda mais quando estavam em jogo cinco pontos.

As ideias que Jorge tinha, no entanto, não ajudavam muito. Pensou em escrever desde a guerra na Faixa de Gaza, até sobre pessoas que jogam balde de água gelada nas cabeças. Pensou em falar sobre responsabilidade social, sobre conservação do meio ambiente, sobre a maturação correta do cacau... Pensou em falar dos imigrantes ilegais, dos calabouços, bruxas e temporais. Pensou em Raul Seixas. Pensou em Raul Gil – este com menos intensidade. Pensou na vida, pensou na morte, pensou no purgatório. Desceu ao inferno de Dante, subiu ao céu de Ícaro. Caiu na ponte do Rio que Cai; escalou o monte Everest. Quis morrer de ciúme, quase enlouqueceu, mas depois, como era de costume, obedeceu.

As ideias, na verdade, não eram um problema. Organizá-las ou mesmo escolher só uma delas era impossível! Que maldade seria escolher uma em detrimento da outra... Agora que via a possibilidade em escrever uma crônica, não queria perder a oportunidade em algo que não valesse a pena de verdade. E, para ele, tudo valia!

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No dia seguinte, o professor disse:

- Exercícios em cima da minha mesa, por favor.

O professor notou que Jorge não se movia. Nem tinha papel nenhum em sua mesa. Nem sinal de que ele iria se levantar e pedir para entregar depois.

- O que foi, Jorge? Não fez o trabalho? Esqueceu-se?

- Não, professor. O trabalho está aqui.
- Onde?

- Em mim. Sou uma própria cônica. Melhor dizendo, várias.

21/08/2014

Não sei vocês, mas eu nasci na época certa

Há alguns meses tenho notado que frases do tipo "eu nasci no tempo errado mesmo", "hoje em dia só existe lixo", "antigamente não era assim" tem me incomodado bastante. Confesso que eu mesma já disse coisas parecidas, mas, que, refletindo melhor acerca disso cheguei a conclusão que nasci exatamente quando era o momento certo. Justificativas das frases que ouço é que a música de qualidade já não existe mais, que a violência não era tanta e que as pessoas se amavam mais. Resolvi separar esses três exemplos em tópicos que vocês conferem abaixo:

A música era melhor. Eu gosto muito de músicas de décadas atrás, mas graças à tecnologia revolucionária eu consigo escutar essas músicas hoje também! (a única coisa que lamento é que eu nunca poderei ir a um show do Legião Urbana). E ainda melhor: eu consigo ouvir e conhecer músicas atuais. Que vamos e convenhamos, tem muita coisa boa! Basta parar de reclamar e procurar.

Não existia tanta violência. É claro! Também existiam bem menos pessoas no mundo! Concordo que o número de criminalidade pode ter aumentado (não tenho certeza quanto a isso), mas as políticas públicas também têm avançado e, além do mais, devemos levar em conta que o sistemas em que vivemos, o capitalismo, tem a desigualdade como um de seus pilares.

As pessoas se amavam mais. Acho que amor existe independentemente do tempo. Mas vamos aos fatos. Os casamentos podiam até durar mais, mas grande parte deles era imposto, e se alguém falasse em se separar há 50 anos, seria descriminado. Também devemos levar em consideração que a violência doméstica era considerada algo natural.

"A Persistência da Memória" Salvador Dalí - 1931
Eu não fecho os olhos a problemas que existem hoje que talvez não pudessem existir antigamente, como o trânsito caótico e os níveis críticos de poluição. Mas também enxergo que muitas coisas mudaram pra melhor, já que conseguimos ter acesso mais facilitado às coisas que precisamos e/ou queremos.

Eu nasci na época certa como acredito que morrerei também. Cada um tem sua hora. Mas se você acha realmente que essa não foi sua época certa para nascer e viver, desculpe meu amigo, mas acredito que o problema não está no tempo, e sim nas pessoas que vivem nele.


05/08/2014

Cem anos

- Já sei! - disse Veronika à sua amiga Martinha, ambas meio bêbadas, depois de uma noitada, escornadas no sofá de uma das casas delas.
- Sabe o quê, Veronika?
- Porque até hoje eu não encontrei o amor da minha vida.
- Ah, é? Por quê? Também preciso saber do meu!
- Porque eu e ele estamos separados por cem anos!
- Ahn?
- É! Ou ele já morreu há cem anos ou vai nascer daqui a cem!
- Tá doida mesmo! E bêbada!
- Não... É sério. Por mais que pareça loucura, acabei de ter esse insight!
- E como você tem certeza? 
- Porque sei até o nome dele. Chama-se Bernardo.
- Isso é muito pouco.
- Também sei que vai ter olhos verdes, vai ser matemático e vai tocar gaita. Ou então, tenho certeza que já morreu alguém com exatamente essas características.
- Credo! Desde quando você tem tido essas ideias?
- Ah, às vezes fico pensando... Mas hoje veio como uma luz!
- Tá bom, Vê, vamos dormir. Boa noite - finalizou Martinha, já sem paciência. 

...

Dez anos depois desse diálogo,Veronika casou-se com Marcos, com quem teve dois filhos. Lembrou-se dessa história durante um tempo, cada vez com menos intensidade, e hoje só o túmulo dela guarda essa pequena lembrança.

...

- Ai meu Deus! É agora!
- Tem certeza?
- É claro, homem!
- Então, vamos!
Três horas depois, ouviu-se um choro de uma criança.
- Mas o Bernardo não é lindo? Tem os olhos verdes e já posso sentir que vai ser muito estudioso e adorar música!



08/06/2014

Projeto Uma Viagem por mês







Movimento Passagem Só de Ida

Uma das coisas que mais gosto de fazer nesta vida é viajar. Seja uma cidadezinha esquecida no interior de Minas Gerais, seja uma grande metrópole que não para, ir a lugares que não conheço é uma experiência sensacional para mim.

Pensando nisso, em fevereiro deste ano, resolvi fundar um projeto pra mim mesma: o Uma Viagem por Mês, que pelo próprio nome indica, consiste em fazer uma viagem a cada mês, aconteça o que acontecer (espero que não haja de muito grave que me impeça de realizá-lo). Juntamente ao projeto, também fundei o movimento Passagem Só de Ida, em que posso comprar apenas o bilhete que me leve ao lugar que quero, sem precisar garantir a volta. O movimento, no entanto, é mais maleável pois nem sempre é possível aventurar-se assim. 

Deparei-me, porém, com um problema: decidi seguir esse movimento em fevereiro, mas em janeiro eu não tinha viajado... A forma que encontrei para solucioná-lo foi a viagem que fiz pra Cidade Maravilhosa em dezembro, que vale por duas, não é mesmo? Sendo assim, vou começar falando sobre o segundo mês de 2014 e vou escrever neste post ao longo do ano, na semana seguinte à viagem do mês. 

Fevereiro - Tenho uma amiga que casou e para despedida de solteira dela, nada de Gogo Boys ou boate de stripper, resolvemos viajar! Nosso destino foi decidido de última hora, compramos passagem só de ida e não tínhamos nem ideia do que fazer em Moeda. E realmente não havia nada a fazer. rs. Mas a viagem foi ótima! Descobrimos uma pousadinha muito legal na cidade e ficamos lá em dois dias nos quais pudemos botar a prosa em dia, rir muito, beber vinho, rir muito, conhecer uma cachoeira e rir muito.

Thais, eu e Carol

Crianças felizes!

Lá há uma linha de trem que separa a cidade. Era um saco esperar o trem passar pra atravessar rs 

Friends forever s2s2s2s2 rs


Março - Quando penso em Carnaval em Minas, logo vem a minha mente duas cidades mineiras: Diamantina e Ouro Preto. Diamantina nunca fui (nem tenho muita vontade), mas Ouro Preto foi o destino escolhido pra comemorar a folia neste ano por dois dias. Eu já tinha passado o carnaval lá há dois anos, e minha prima e eu decidimos ir pra OP. Ao contrário do que muita gente pensa, lá não é bagunçado e nojento. É muito divertido e você conhece gente do Brasil todo. Eu gostei mais, no entanto, da minha primeira viagem pra lá. Achei este ano meio desorganizado e nós ficamos em uma república bem estranha, que, pra começar e terminar, chama-se Hospício. rs. Mas valeu a pena!

OP!

Prima e eu de chapeuzinho 

A tal república


Abril - Essa amiga que casou, a Carol, e eu temos uma agência de turismo chamada Lá&Cá Viagens. Não é nada no papel, nem visa arrecadar dinheiro, queremos apenas juntar os amigos e viajar. A Lá&Cá organizou uma viagem a Milho Verde, distrito de Serro, na Semana Santa, por três dias. Nós juntamos uma galera boa - 10 pessoas -, e fomos pra lá conhecer a cidade, acampar e visitar cachoeiras. Eu gostei muito da viagem e a cidade recebe uns turistas bem alternativos que gostam de um baseado (em todo lugar, você consegue cheirinho de erva queimando rs).

Cachoeira do Carrapato

Cachoeira do Lajeado

Thurminha!


Maio - Até agora, a viagem mais curtinha que fiz: durou um dia. Estava quase acabando o mês e eu não sabia pra onde ir. Daí, pesquei minha mãe e falei que iriamos pra Lagoa Santa. Minha mãe, mesmo que meio a contra-gosto, decidiu ir. Chegando a rodoviária, uma surpresa: ônibus só depois de uma hora e meia. Como só poderíamos ficar um dia, mudamos de destino e fomos pra Sabará. Eu conheci o centro histórico e minha mãe relembrou os tempos em que ela passeava por lá. Foi muito bom! Almoçamos, tomamos cerveja e fizemos comprinhas. No final do dia, minha mãe agradeceu por ter insistido que ela fosse, a viagem fez bem pra ela. Me senti mais feliz ainda :)

Senhora elegante fazendo pose ou minha mãe

Eu e mamis

Centro histórico
Junho - Bom, mais uma viagem curtinha rs. Eu programei de passar o feriado de Corpus Christi em uma cidade chamada São Sebastião do Rio Preto, mas devido a alguns imprevistos (bons, por sinal) não pude realizar a viagem, mas também não poderia ficar em casa. Portanto, em um domingo frio, uma turma de amigos e eu fomos pra Serra da Piedade, em Caeté. Já tinha ido lá outras vezes, mas não me canso... a paisagem é de tirar o fôlego! Quando chegamos lá, a neblina estava baixa e o frio estava cortante, mas com o passar o dia, ela dissipou e pudemos admirar as belezas do local, como montanhas e cidades. Lá também fizemos piquenique e decidimos que iremos fazer nossa viagem de julho juntos. Para onde será?
Dica: levem muito agasalho e tomem chocolate quente na Lanchonete Padre Virgílio Resi.

Travel friends


Um dos lados da visão
Selfie na Serra


O sol sempre vem
Julho - Como disse na postagem anterior,  no dia da Serra decidimos pra onde iríamos desta vez. E a cidade escolhida foi Tiradentes! Não poderia ser outra melhor! Que charme! Nunca vi uma cidade tão aconchegante e fofa como Tiradentes. As casinhas e lojas, pelo menos do centro, são muito bonitas. E a cidade estava toda pintada e tem coisas belas pra todo lado: igrejas, morros (mas não muito), charretes, pousadas, chocolateria. E a noite então? Os bares têm lareira (o frio é insuportável) e ficam ainda mais lindos. Aproveitamos também para irmos até São Jão Del Rei de Maria Fumaça. Confesso que me decepcionei um pouco, porque esperava mais de São João rs. Achei meio simples, talvez porque estava deslumbrada com Tiradentes. Enfim! Valeu a pena! Com os amigos então... valeu foi muito!
Dica: a única coisa que não curti lá foram os preços. São bem salgadinhos ><

O barzinho com lareira *-*
Ipê amarelo <3
Vista 

Eré, priminha e eu e a igreja linda ao fundo



Agosto - Bom, como a viagem de julho ficou meio salgadinha e como já estávamos no final do mês, decidimos ir pra um lugar mais barato dessa vez, mas não menos importante. O destino escolhido foi Lagoa Santa, mais precisamente a Gruta da Lapinha. O passeio não poderia ter sido melhor. Conhecemos a gruta, que por sinal é muito linda! Com apenas 500 metros de extensão, pudemos percorrê-la e sentir que andamos muito mais. Descobrimos o que são estalactites e estalagmites, vimos morcegos e quase fomos picados pela aranha marrom (a mais venenosa do Brasil). Depois, fomos ao museu do Castelo, onde estão expostos fósseis e pedras preciosas da região. Aproveitamos o dia para descansar em frente à lagoa e tomar umas e outras em uma feira. Estava tão bom que quase ficamos por lá. rs.
Dica: para visitar a gruta da Lapinha é preciso pagar R$ 15. Estudantes têm desconto de 50%.
Uma das partes da gruta
Felizes ♥
Nos sentimos engenheiros



Setembro - Ah, gente, fiquei arrasada com essa viagem! Esse foi até um dos motivos pra demorar tanto pra postar. Seguinte: foi mais uma viagem curtinha. Até aí tudo bem. Pegamos estrada e fomos parar em Macacos. Chegando lá, procuramos a cachoeira Orangotangos, que é a mais famosinha da cidade. Mas que decepção! A cachoeira é imunda! Muito lixo e pichação pra todo lado. Não há um lugar que você não vá que não esteja sujo. Ainda tinha uma galera fazendo churrasco e deixando toda a sujeira lá. Nem tive coragem de entrar na água... Fiquei triste por ela estar tão mal conservada... Depois fomos almoçar, e comemos num restaurante nada bom também. Acho que não era nosso dia de sorte! rs
Dica: Não vá a cachoeira Orangotangos.
Apenas uma selfie

Outubro - gente, não viajei em outubro. Os motivos, agora, nem lembro mais :(

Novembro - A viagem deste mês foi uma loucura! Mas sensacional! Um grupo da faculdade, liderado por uma professora de jornalismo, foi a São Paulo conhecer o jornal Folha de São Paulo. E eu embarquei junto :) A viagem durou um dia (saímos na quinta à noite, chegamos lá na sexta, e fomos embora na própria sexta), mas deu pra aproveitar muita coisa! Conheci um dos maiores jornais impressos do Brasil - fiquei com vontade de trabalhar lá, e ainda fomos na Bienal de Arte Contemporânea que tinha como tema: "Como Falar Sobre Coisas Que Não Existem". Como fomos guiados por um guia, que explicava as obras, achei o máximo! Se não, não entenderia nada. Arte contemporânea exige muito do cérebro. rs.
Dica: Se você for a São Paulo, vá ao Ibirapuera! O parque é <3
Amei esta imagem!
Na Paulista, você vê de tudo!
Combinou comigo? rs
Dezembro - Esta viagem foi ao mesmo tempo muito boa e muito ruim! Este último motivo não vou explicar aqui porque é totalmente pessoal, ok? Mas quanto às coisas boas, falarei com gosto! Fomos pra Catas Altas, cidade cercada pela Serra do Caraça. A cidade já vale a pena pela vista dessa serra maravilhosa! Ficamos em uma pousada linda também (mas lá não tem frigobar no quarto), com piscina e vista para a serra. Também fomos em uma cachoeira próxima, mas que custamos a encontrar! rs. E o povo da cidade também é muito acolhedor. Voltaria sem dúvida! 

Igrejinha no alto de um morro
Vista da janela
Mais vista da janela


E assim, com o fim de 2014, chegou ao fim meu projeto "Uma Viagem Por Mês". Não pretendo parar de viajar nunca! Mas esse compromisso não vou assumir este ano. Espero que vocês tenham gostado e, de alguma forma, tenha encorajado àqueles que têm vontade de viajar. Não se esqueçam: pra sair da toca, basta levantar a bunda do sofá! O dinheiro e o tempo são fatores secundários quando a vontade de viajar é maior, mesmo que seja pra uma cidade aqui do lado :)

26/04/2014

Não me deu asas


Eu tentei. Fiz que não era comigo. Que talvez realmente fosse melhor deixar pra lá. O que afinal vou ganhar com isso? Mas não me contive. Tive que escrever.


Dois amigos e eu fomos a um evento promovido por alunos do curso de Eventos na faculdade em que estudo na última quinta (24/4) no horário do intervalo. Chegando lá, tinha uma banda tocando sertanejo, uma galera reunida e um freezer cheio de Red Bull. Nós ficamos de olho na bebida, e assim que ela foi liberada, não pensamos duas vezes em pegá-la. Já na metade da lata, percebemos que as três estavam com validade vencida desde o dia 10/4 e fomos tomar satisfação com a moça que as distribuiu. Aí, começou a novela.

A resposta dada pela menina (mocinha mesmo, 18 anos) é que ela não poderia fazer nada a respeito, que nos daria outra lata dentro do prazo de validade e que - pelo amor de Deus - não postasse nada nas redes sociais. Vi que daquele mato não sairia cachorro, muito menos solução, então comecei a pensar em outra alternativa.

Logo  que acabou o intervalo, fomos pra sala e eu contei o caso pro meu professor, que me respondeu: "Você não vai denunciar este caso ao Ministério Público, vai? Esquece isso... a menina tava até chorando, tem só dezoito anos". Isso me irou mais do que a resposta dada pela garota e, pra completar, descobri que o professor era um dos organizadores do evento.

Nessa altura, toda minha turma já estava sabendo do caso e ficaram com a opinião dividida: uns mandaram-me esquecer, outros achavam que eu deveria fazer algo, teve um que até tomou um gole da bebida em solidariedade (valeu, Valu!). Mas terminada a aula, resolvi que era melhor tomar uma providência, nem que seja ligar pro SAC.

E foi o que fiz hoje. E não fui atendida. Então, mandei um e-mail no campo Fale conosco do site, e recebi resposta automática de que o e-mail foi enviado. Agora, estou aguardando resposta.

Mas para que toda essa história? Eu não culpo à menina por distribuir energético vencido, nem (muito) ao professor pela resposta dada, mas à marca de energéticos mundialmente conhecida por agir de má fé. Como está escrito na lata VENDA PROIBIDA, pude chegar a conclusão que a Red Bull quis se livrar do lote vencido, por isso, fez distribuição gratuita. Belo modo de se conseguir mais compradores, não é?

Outra coisa que me incomodou muito também, foi o fato de me sentir impelida por algumas pessoas para não ir atrás dos meus direitos. Da forma como elas conversaram comigo, ficou parecendo que a errada na história era eu, que não deveria mexer com isso, que no final das contas, nada se resolve. E isso me deixou com raiva e triste ao mesmo tempo, porque quando alguém quer 'dar um jeitinho' não medem esforços pra consegui-lo. Agora, quando o assunto é sério, todo mundo se esquiva.

A pedido da jovem de 18 anos, não postarei este texto nas redes sociais. Mas meu descontentamento também não foi resolvido pela frase: "não posso fazer nada." 

23/03/2014

Sobre relacionamento e trabalho: possíveis semelhanças

Há alguns dias venho querendo escrever sobre algumas similaridades que existem quando você escolhe um emprego e quando decide por um (a) parceiro (a). Parece estranho inicialmente, mas depois de pensar alguns aspectos, reuni algumas coisas que podem ser parecidas. Ou apenas viagem minha. Decidam vocês mesmos ao terminar de ler.

Importante dizer: todas as condições aqui reunidas partem do pressuposto que você pode escolher, sem necessariamente precisar. Claro que quando você está desempregado (a) há meses ou loco (a) pra casar e ter cinco filhos imediatamente, as exigências podem ser outras.

1 – A escolha. Quando você procura um emprego, costuma analisar características como: vantagens e desvantagens, salário, capacidade de crescimento e especialmente, se você gostará de trabalhar com aquilo. Ao procurar um parceiro, as características também são parecidas: qualidades e defeitos, o que esse relacionamento pode trazer de benefício pra você, possibilidade de aprofundamento no relacionamento e em quais aspectos que a pessoa te atrai.

2 – O teste.  Pronto, depois de avaliar essas características, é hora de testar pra ver se dá certo (lembrando que a outra parte também testa você). Para o emprego, você vai fazer a entrevista e nela você lista todas suas qualidades e contra a vontade, algumas vezes, os defeitos. Você conhece o ambiente da empresa e se der tudo certo, a contratação vem! Se não, muitas vezes você nem fica sabendo que foi rejeitado. No relacionamento, os testes também acontecem quando você sai com alguém pra conhecê-lo (a) melhor, saber seus gostos e o sabor dos seus beijos e se tudo lhe encaixar bem (para outra parte também) dá-se início ao relacionamento. Se as coisas nessa fase, no entanto, andarem por outros caminhos, você pode partir pra outra ou ser rejeitado, sem também, nem ficar sabendo em alguns casos.

3 – O começo. Vivas! Finalmente você foi contratado naquele lugar que tanto esperava! É muito bom começar a trabalhar onde sempre sonhou, conhecer gente diferente e coisas novas. E também, vejam só: você está namorando! É ótimo estar com a pessoa que sempre quis e começar a aprender tudo sobre ela e pensar em programas a dois que há muito tempo você queria fazer.

4 – A rotina. Agora que a emoção dos primeiros dias e meses começa a passar, é hora de ter muita concentração. Manter-se fazendo bem aquilo que se propôs a fazer é difícil e muitas vezes, a rotina é inevitável, mas saber conduzi-la é a peça-chave. Acontece também de receber uns puxões-de-orelha do chefe. No relacionamento, as coisas não são muito diferentes... É preciso manter o foco se quer dar continuidade àquilo que começou. Brigas e desacertos começam a aparecer. O discernimento do que se quer é fundamental e pensar em coisas novas pra fazer também.

5 – A promoção. Ou o adeus. Finalmente você conhece o terreno que entrou e todo o tipo trabalho que deve fazer. Mas... Você quer continuar? Se sim, vai se esforçar ao máximo para uma promoção. Se não, você já começa a pensar em outro emprego e sair dali. Se seu chefe também não gostou do seu trabalho, vai te botar pra correr. Com sua (seu) parceira (o) também não é diferente: se você realmente a (o) ama, mesmo com os defeitos, é hora de pensar em um relacionamento mais sério, como casamento. Se pelo contrário, as coisas desandaram, o jeito é ficar sozinho e partir pra outra. Ou então, você quer mas a outra pessoa não, um pé-na-bunda é inevitável. Tanto no trabalho quanto no relacionamento, quando nos dispensam sem a gente querer, nós sofremos, ficamos com raiva, mas uma hora... passa! E vamos tentar tudo de novo retornando ao número 1. Afinal, a vida tem dessas coisas.

Se você gostou do texto ou se achou que não tem pé nem cabeça, não deixe de comentar. =)


07/03/2014

O holocausto que não terminou com a guerra

É comum eu ficar assustada ao ler algo sobre os horrores causados pela Segunda Guerra Mundial aos
milhões de judeus, negros, homossexuais e a todos aqueles considerados inferiores pelo regime nazista. No entanto, mais aterrorizada ainda fiquei ao saber que semelhantes sofrimentos aconteceram em meu país e foram impingidos a pessoas internadas no hospício da cidade de Barbacena, que por anos recebeu milhares de pacientes, a maioria sem diagnóstico de doença mental.

Muitas das atrocidades cometidas contra os pacientes do hospício estão registradas no livro-reportagem Holocausto brasileiro, escrito pela jornalista Daniela Arbex. Daniela reuniu entrevistas, fotos e dados para escrever a obra, que retrata a desumanidade praticada, durante grande parte do século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido como “Colônia”, situado em Barbacena. Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros da Colônia. Em sua maioria, haviam sido internadas à força.

O livro agora será adaptado para a televisão, em documentário produzido pelo diretor de cinema Helvécio Ratton. As filmagens devem começar em maio deste ano, tendo como cenário principal a cidade mineira de Barbacena. Ratton já tinha feito documentário sobre o tema em 1949, intitulado Em nome da razão.

As páginas de Holocausto brasileiro me fizeram perder o sono nas noites que dediquei à sua leitura. Os relatos e fotos que vi não saíam da minha cabeça, e o pior era acreditar que tudo aquilo aconteceu de verdade. Acredito que o mais importante ao se conhecer essa história é que ela não deve ser repetida mais.

O livro é facilmente encontrado em livrarias da capital. E quem quiser lê-lo online é só clicar aqui